A pior hipocrisia que existe são esses tipos relações. Filhos que sentem mágoa dos seus pais pelo fato de entenderem que estes foram responsáveis pelos seus traumas e, simultaneamente, pais que guardam ressentimentos dos seus filhos por acharem que eles não são gratos o suficiente e não os valorizam da forma que mereciam. É bem comum esse tipo de relação, e mais comum ainda é essa energia permear esses relacionamentos e ambos dizerem que está tudo bem. Quando se encontram batem papo e fingem que se adoram, levando as coisas do jeito que estão e achando que isso é normal e que está tudo certo.
Mas saiba que, se você guarda mágoa ou rancor de alguém, você também guarda uma expectativa sobre essa pessoa, você espera, mesmo que de forma inconsciente, que ela se redima ou que pague por aquilo que fez a você. Você deseja o mal para essa pessoa. Isto é, você a julga como alguém que deve algo a você e, por isto, a sua mente sempre irá cobrar essa dívida. É exatamente este processo que gera emaranhamentos quânticos que desencadeiam em carma.
Enquanto houver essa mágoa que gera essa expectativa, você está preso a essa pessoa e ela a você. Enquanto isto não for resolvido vocês se encontrarão em quantas vidas mais forem necessárias para se resolverem e entenderem que são irmãos espirituais e que possuem muitas coisas em comum. Fazer de conta que perdoou não é perdão. Esquecer o que aconteceu não é perdão.
O que mais existe são pessoas que dizem: “Essa pessoa me fez mal e não vale nada. Mas tudo bem, eu a perdoo, um dia ela vai pagar pelo o que fez. Deu é justo”.
Percebe a carga de negatividade e de vitimização que está por trás desse suposto perdão?
No primeiro caso trata-se de uma grande hipocrisia. Já o segundo representa a tal amnésia fingida.
Perdoar significa compreender que ninguém lhe faz mal sabendo que está fazendo mal, é saber que todos fazem o seu melhor dentro do seu atual nível de consciência, crenças, traumas e conceitos de certo e errado que foram herdados pelos seus ancestrais. Perdoar é dizer a si mesmo que a pessoa que você julgou ter te prejudicado está livre, solta e desimpedida para seguir o seu caminho.
Pode ser que você não tenha oportunidade de conversar com todas as pessoas que passaram por você. Pode ser que não tenha mais a presença física de seu pai ou da sua mãe para fazer isto. Mas isso não importa, não faz a menor diferença, trata-se apenas de um movimento interno. Se você quiser praticar esse perdão, basta imaginar essas pessoas e dizer a elas que estão perdoadas e, também, pedir perdão a elas pela sua intolerância.
Isso basta.
Enquanto não ocorrer esse perdão a sua vida não vai andar. Portanto, trata-se apenas de uma decisão. A sua decisão.
Diogo Beltrame
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