Quanto maior a maldade aparente de alguém, maior é o nível
de sofrimento desta pessoa.
Não existem pessoas verdadeiramente más, o que existe são
pessoas doentes e que se recusam a olhar para a sua própria doença. Quando eu
uso a palavra “doença”, estou me referindo ao sentido literal desta palavra, e
que significa algum tipo de disfunção em seu sistema interior que se reflete no
exterior.
No caso das doenças emocionais e mentais, esses distúrbios
são herdados, geralmente, na infância e na adolescência, e na maioria dos casos
estão relacionados ao ambiente familiar, precisamente na configuração
Mãe/Pai/Filho.
Uma criança não possui nenhum tipo de discernimento,
portanto, ela não sabe que adultos tem problemas e tantas outras coisas para se
preocuparem. Para a criança, qualquer tipo de rejeição ou agressão é absorvido
como falta de amor, e isso terá conseqüências muito sérias no decorrer da sua vida.
Se essa criança sofre agressão moral ou física pelos seus pais, passa a
construir uma percepção sobre as demais pessoas seguindo a informação que está
recebendo, pois mãe e pai representam o mundo para esta criança e, toda crença
que ela terá sobre pessoas, estarão fundadas na imagem que possui desse pai e dessa
sua mãe. Ou seja, se a criança sofre nas mãos desses pais com xingamentos,
intolerância, repressão e variados tapas no decorrer da sua vida, a imagem que
ela terá de seres humanos será exatamente essa: maldade, intolerância e
violência, e seguindo o seu instinto de sobrevivência vai criar uma série
de mecanismos de defesa para se blindar do mundo.
É isso o que acontece com a maioria dos seres que estão
encarnados neste momento. A crença que se possui sobre pessoas é a pior
possível. Esta criança, que hoje se tornou um adulto, projeta os seus pais em
todos os seus relacionamentos, e sem saber busca se vingar em todos eles, e ao
mesmo tempo busca também receber o amor e a proteção que não teve lá trás. Trata-se
de uma comum ambiguidade de ação: o desejo inconsciente de vingança caminhando
lado a lado com o desejo de amar e ser amado. Neste momento, aquela criança
interior do passado e que, ainda está viva, e continua sem discernimento algum,
assume completamente o comando da vida da pessoa e sai em busca daquilo que é
impossível: se vingar e ser amada ao mesmo tempo.
É muito importante que se entenda que nada se perde quando
se fala em termos de consciência e arquivos mentais. Isto precisa ficar muito claro. Não adianta fazer de
conta que está tudo bem e se recusar a olhar de frente os seus fantasmas. Toda
in-formação plantada lá trás, e que formaram o seu sistema de crenças, ainda
está ativa e manipula todos os seus pensamentos e ações, e não tem como parar
isto sem iluminar o que está escuro.
Todos esses processos são inconscientes, ou seja, não estão
no plano mental. Ninguém faz isso tendo plena consciência do que faz. Ninguém
se autodestrói propositalmente. Crença é um botão de “start” que foi acionado
há muito tempo atrás, e, enquanto você não desligá-lo, o jogo continuará
acontecendo e a sua vida será uma grande montanha russa desgovernada.